segunda-feira, 26 de maio de 2008

Durante entrevista à imprensa no início da cerimônia do 5º Festival de Cinema de Maringá, a atriz Letícia Sabatella disse neste sábado (24) que a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente teve ares de protesto.

Sabatella, que cresceu em Curitiba, é homenageada no evento que ocorre na cidade do noroeste do Estado do Paraná.

"A saída dela pode ser uma espécie de protesto e, às vezes, a gente precisa de manifestações extra-curriculares", afirmou a atriz, que em fevereiro deste ano discutiu fortemente com Ciro Gomes sobre a transposição do Rio São Francisco.

"A saída dela não foi uma boa notícia", continuou Sabatella, após dizer que a questão do ambiente requer uma mobilização popular, em sua opinião.

A atriz, que estréia na direção com o documentário "Os Palhaços Sagrados da Tribo Krahô", também negou que critique especificamente o governo Lula.

Sabatella, que disse ter laços com a tribo do documentário há cerca de 12 anos e milita em questões ambientais, afirmou que um problema de estrutura acaba fazendo com que as instituições deixem a questão ambiental em segundo plano, privilegiando o progresso.

"Não é uma coisa do governo Lula, mas é uma questão do Estado. Qualquer governo eleito vai ser absorvido por este Estado", afirmou Sabatella.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Show de sensibilidade, traquilidade e trasparencia.

Letícia[1] tinha dois anos de idade quando sua família se mudou para a cidade mineira de Volta Grande. Lá seu pai trabalhava como engenheiro em uma usina hidrelétrica. Ela conta que aprendeu a gostar da Natureza nesse lugar cheio de verde e de pessoas de diferentes nacionalidades. Hoje, possui um sítio em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro.

Mudando-se para Curitiba, Letícia viveu nessa cidade dos quatro aos vinte anos. Lá começou a se interessar por arte: fez cursos de balé e teatro. Ingressou em uma escola de arte dramática, mas só ficou dois anos porque fez um teste na TV Globo e foi convidada para o seriado Os Homens Querem Paz, em 1991. Logo a seguir fez sua primeira novela - O Dono do Mundo.

Letícia conta que seu amadurecimento custou caro e veio com três experiências dolorosas. A primeira foi a morte por leucemia de seu namorado de adolescência. A segunda foi o nascimento prematuro de sua filha Clara, que a obrigou a morar no hospital com o marido Ângelo Antônio por três meses. A terceira foi a separação conjugal em 2003, que a levou a procurar ajuda psicológica e espiritual.

Sua consciência política surgiu[2][3] cedo na vida e foi reforçada pela companhia de pessoas como Frei Beto e Herbert de Souza, que lhe mostraram a importância de usar sua celebridade para algo mais do que ganhar dinheiro. Seu engajamento se tornou tão forte que chegou a conviver com os índios[4] krahôs (no Tocantins), como se fosse um deles, e a acampar com integrantes do Movimento dos Sem Terra para entender sua proposta. Além disso, participa de várias entidades, é presença constante em fóruns, levanta a voz em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente.

Sua experiência com os índios a levou a iniciar uma carreira como cineasta. Em 2008, ela pretende lançar o documentário Os Palhaços Sagrados da Tribo Krahô[5]. "Foram os índios que me pediram esse registro. Daí veio a idéia de falar sobre o Hotxuá, o palhaço sagrado, que tem a função de manter a auto-estima da tribo e fazê-la superar as dificuldades através do humor", explicou.


Trívia
No dia 8 de dezembro de 2007, a atriz Letícia Sabatella esteve[6] em Sobradinho, Bahia, visitando o bispo da cidade de Barra, Dom Luís Flávio Cappio, na igreja de São Francisco. O bispo fez greve de fome pela segunda vez, a primeira foi em Cabrobó, Pernambuco, em protesto contra a transposição do rio São Francisco. A atriz faz parte da organização não-governamental Movimento Humanos Direitos.
Letícia nasceu no Dia Internacional da Mulher e não sente rivalidade em relação às suas colegas atrizes[7]:
Elas ainda são as maiores vítimas da exclusão. Ganham menos e suportam a carga da família. Sou apaixonada pelas mulheres. Não tenho essa relação competitiva que, como dizem, existe entre colegas. Tenho sorte nas amizades e no trabalho com mulheres. Elas sabem atuar em grupo, são agregadoras, generosas, disponíveis, compreensivas, guerreiras.
Sei que há muito a ser conquistado, em especial na relação com os homens. A sociedade ainda é miseravelmente patriarcal e machista. Mas não fico observando tanto essa diferença de gênero com quem convivo. Hoje, as mulheres exercem com mais liberdade sua capacidade amorosa de gestar a transformação e a revolução, com poder de participar de decisões que antes eram só deles. Elas necessitam cada vez menos de um homem para se sentirem valorizadas.

Carreira
Na televisão
Minisséries
2006 - JK .... Marisa Soares (amante de Juscelino)
2005 - Hoje É Dia de Maria 2 .... Alonsa / Rosicler / Asmodéia
2005 - Hoje É Dia de Maria .... Maria (adulta)
2004 - Um Só Coração .... Maria Luísa Sousa Borba
2000 - A Muralha .... Ana Cardoso
1993 - Agosto .... Salete
Telenovelas
2007 - Desejo Proibido .... Ana Fernandes
2006 - Páginas da Vida .... Lavínia
2001 - O Clone .... Latiffa Rachid
2001 - Porto dos Milagres .... Arlete
1998 - Torre de Babel .... Celeste
1995 - Irmãos Coragem .... Maria de Lara Barros / Diana / Márcia
1994 - 74.5 - Uma Onda no Ar .... Luísa
1991 - O Dono do Mundo .... Taís
Episódios
1999 - Você Decide
Trio em Lá Menor
1996 - Você Decide
Testemunha de Acusação .... como Bárbara
1991 - Os Homens Querem Paz

No cinema
2008 - Os Palhaços Sagrados da Tribo Krahô ....Como diretora
2007 - Não por Acaso .... como Lúcia
2004 - Vestido de Noiva .... como Lúcia
2003 - Chatô, O Rei do Brasil (ainda não lançado)
2002 - Durval Discos .... como Célia
2001 - O Xangô de Baker Street .... como Esperidiana
1999 - O Tronco .... como Anastácia
1998 - Bela Donna .... como Benta
1997 - Decisão .... como Laura
1994 - Dente por Dente (curta-metragem)
LETÍCIA SABATELLA

Caro deputado Ciro Gomes, Antes de visitar frei Luiz Cappio em Sobradinho, tinha conhecimento desse projeto da transposição de águas do Rio São Francisco, através da imprensa, e de duas conferências sobre o meio ambiente, das quais participei a convite de minha querida amiga, a ministra Marina Silva. Há alguns anos, quieta também, venho escutando pontos de vista diversos de ambientalistas, dos movimentos sociais, de nossa ministra do Meio Ambiente e refletindo junto com o Movimento Humanos Direitos (MHuD), do qual faço parte.

Acompanho a luta de povos indígenas e ribeirinhos, sempre tão ameaçados por projetos de grande porte, que visam a destinar grande poder para um pequeno grupo em troca de tanto prejuízo para esses povos, ao nosso patrimônio social, ambiental e cultural.

Acredito que devam existir benefícios com a transposição, mas pergunto, deputado, quem realmente se beneficiará com esta obra: o povo necessitado do semi-árido ou as grandes irrigações agrícolas e indústrias siderúrgicas? Afinal, a maior parte da água (bem comum do povo brasileiro) servirá para a produção agrícola e industrial de exportação e apenas 4% dessa água serão destinados ao consumo humano.

Sabendo do desgaste que historicamente vem sofrendo o rio, necessitado de efetiva revitalização, sabendo do custo elevado de uma obra que atravessará alguns decênios até ser concluída e em se tratando de interferir tão bruscamente no patrimônio ambiental, utilizando recursos públicos, por que razão, em sendo sua excelência deputado federal, este projeto não foi ampla e especificamente discutido e votado no Congresso? Por qual motivo essa obra tão “democrática” foi imposta como a única solução para resolver a questão da seca no semi-árido, quando propostas alternativas, que descentralizam o poder sobre as águas, não foram levadas em consideração? No dia 19 de dezembro de 2007, o que presenciei na Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi a insensibilidade do Poder Judiciário, a intransigência do Poder Executivo, e a omissão do Congresso Nacional. Será que não precisamos mesmo falar mais sobre democracia republicana, representativa? Ou melhor, praticar mais? Quanto ao gesto de frei Luiz, sinto que o senhor não age com justiça, quando não reconhece na ação do frei uma profunda nobreza. Sinto muito que o senhor ainda insista em desqualificálo. Por tê-lo conhecido e com ele conversado, participado de sua missa na Capela de São Francisco junto aos pobres, pude testemunhar sua alma amorosa e plena de compaixão humana, pastor de uma Igreja que mobiliza e não anestesia, que ajuda a conscientizar e formar cidadãos. Ele vive há mais de trinta anos entre ribeirinhos, indígenas, trabalhadores rurais, quilombolas e é por eles querido e respeitado.

Conhece profundamente as alternativas propostas pelos movimentos sociais, compostos por técnicos e estudiosos que há muitos anos pesquisam o semi-árido. Uma dessas alternativas foi proposta pela Agência Nacional de Águas, com o Atlas do Nordeste, que foi objeto de seu debate com Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra, cuja honestidade intelectual o senhor publicamente enalteceu em seminário realizado na UFF. Ele mostrou que o projeto da ANA custaria R$ 3,3 bilhões, metade do custo da transposição, beneficiando com água potável 34 milhões de pessoas, abarcando nove estados: então, por que o governo não levou em consideração esta opção mais barata e mais abrangente? Infelizmente, caro deputado, Dom Cappio não exagerou quando decidiu fazer seu jejum e fortalecer suas orações para chamar a atenção de todos à realidade do povo nordestino. O governo do presidente Lula optou por um modelo de desenvolvimento neocolonial que, dando continuidade à tradição de realizar grandes obras para marcar seus mandatos, sacrifica o povo com o custo de seus empreendimentos, enquanto o que esperávamos deste governo era a prática de uma verdadeira democracia.

Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2007

Letícia Sabatela,